Repatriação e liberdade para Simón Trinidad!

Repatriação e liberdade para Simón Trinidad!

imagemSecretaria de Relações Internacionais do PCB

Preso e extraditado ilegalmente pela Colômbia para o Estados Unidos, o comandante Simón Trinidad, pseudônimo de Juvenal Ovidio Ricardo Palmera Pineda, militante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC – sofre, há mais de década e meia, os rigores de uma prisão ilegal, injusta e desumana, que se mantém mesmo após a entrada em vigor do acordo de Paz assinado pelas FARC com o governo colombiano, em dezembro de 2016.

É imperioso que Trinidad seja extraditado para a Colômbia e que se desfaça a farsa da sua condenação e prisão, permitindo-lhe uma defesa adequada e com todas as garantias fixadas pelo pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos), o que tem lhe sido foi negado por Colômbia e Estados Unidos até o presente.

A repatriação e a libertação de Simón Trinidad se impõem em obediência aos princípios internacionais de garantia à ampla defesa e contra juízos arbitrários e falseadores da verdade. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) se soma às inúmeras vozes de todo o mundo que clamam por sua repatriação e libertação.

Simón Trinidad LIVRE !!!

Partido Comunista Brasileiro – Comissão Política Nacional

Julho de 2020

Exigimos que os EUA devolvam à Colômbia o prisioneiro político Simón Trinidad

por WT Whitney, Jr. [*]

Violência e oligarquia assassinas estiveram no centro da vida política colombiana ao longo de todo o século XX. Milhões de colombianos foram marginalizados, empobrecidos e / ou deslocados de pequenas propriedades. A violência e os fracassos da democracia liberal fizeram de Simón Trinidad um revolucionário. Poucos nos Estados Unidos e na Europa sabem dele. Os aliados da Colômbia em ambos os lados ignoram o regime terrorista colombiano.

Simón Trinidad importa; chegou a hora dele. Este líder das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) enfrentou acusações criminosas bizarras e sem fundamento num tribunal dos EUA. Ele está preso em condições cruéis numa prisão federal em Florence, Colorado. Morrerá ali, a menos que seja libertado. Simón Trinidad completará 70 anos em 30 de julho.

Uma campanha internacional está exigindo que o governo dos EUA devolva Simón Trinidad à Colômbia. A seguir, um apelo em nome desta campanha. Aqui estão alguns fatos:

O seu nome de nascimento é Ricardo Palmera. Sua família era formada por advogados, políticos e proprietários de terras e residia em Valledupar, departamento de Cesar, Colômbia. Ali, Palmera trabalhou como bancário, ensinou economia numa universidade regional e administrou as propriedades agrícolas da sua família. Filiado ao Partido Liberal, ele era favorável à reforma agrária. Então Palmera ingressou na União Patriótica, de esquerda, constituída em 1985.
Essa coligação eleitoral foi imediatamente sufocada pela violência e por assassinatos. Os camaradas próximos de Palmera estavam sendo mortos. Outros partiram para o exílio. Em 11 de outubro de 1987, assassinos mataram o candidato presidencial da União Patriótica Jaime Pardo Leal, alguém que Palmera admirava muito. Ao descobrir que também estava prestes a ser morto, Palmera deixou Valledupar e aderiu às FARC. Ele adotou o nome de Simón Trinidad.
Nesta insurgência, Trinidad era responsável pela propaganda e educação política. Ele atuou como negociador da paz. Em dezembro de 2003, Trinidad estava no Equador se preparando para se reunir com o responsável das Nações Unidas, James Lemoyne, a fim de discutir os planos das FARC para libertar reféns. Em 2 de janeiro de 2004, foi preso naquele país – com a ajuda da CIA – e dois dias depois foi entregue à Colômbia. Ficou sob custódia até 31 de dezembro de 2004, quando o governo colombiano o extraditou para os Estados Unidos.
Simón Trinidad enfrentou quatro julgamentos de júri entre outubro de 2006 e abril de 2008. O primeiro julgamento terminou num impasse do júri, o segundo condenou-o e o terceiro e quarto julgamentos terminaram com júris num beco sem saída por acusações falsas de tráfico de drogas. A sua condenação foi por ter conspirado com outros membros das FARC – terroristas aos olhos do governo dos EUA – para capturar e manter reféns três contratados da guerra às drogas dos EUA.
O primeiro juiz de Trinidad foi substituído depois de ter entrevistado ilegalmente jurados para obter informações potencialmente úteis aos promotores no seu segundo julgamento.
O novo juiz sentenciou Simón Trinidad a 60 anos de prisão, 20 anos para cada um dos três contratados norte-americanos mantidos reféns pelas FARC. Trinidad tinha então 57 anos.
Ele está cumprindo sua sentença numa prisão federal “supermax” dos EUA. Trinidad permaneceu em confinamento solitário desde que chegou aos Estados Unidos até 2018. Atualmente ele pode comer a refeição do meio-dia num refeitório. Está proibido de receber cartas, e-mails ou jornais. As chamadas telefônicas são limitadas. Os visitantes são raros e muito poucos, além dos advogados americanos.
As negociações de paz entre as FARC e o governo colombiano ocorreram em Havana de 2012 a 2016. A delegação das FARC procurou a presença de Simón Trinidad lá como porta-voz e negociador. O governo da Colômbia nunca solicitou às autoridades de Washington que o libertassem para esse fim. Não há indicação de que o último tenha feito isso.

O acordo de paz final previa uma “Jurisdição Especial para a Paz”. Lá, ex-combatentes de ambos os lados do conflito têm a oportunidade, se quiserem, de falar a verdade sobre os crimes que podem ter cometido e o tribunal decidir por perdão ou punição. Simón Trinidad escolheu participar. Para fazer isso, ele precisa estar na Colômbia.

A defesa

Como alguém que buscava justiça para os oprimidos e era fiel aos seus princípios, Trinidad agora pede justiça para si próprio. Alguns ativistas da solidariedade podem justificar seu apoio a ele com base em apenas um ou dois aspectos de sua vida política. Na verdade, há uma lista completa de boas razões para exigir que o governo dos EUA devolva Simón Trinidad à Colômbia.

1. O governo dos EUA deve permitir que Simón Trinidad compareça perante a Jurisdição Especial para a Paz. Desse modo, mostraria respeito pelo Acordo de Paz entre as FARC e o governo colombiano.

2. O governo dos EUA violou os direitos legais e humanos básicos de Trinidad. Trinidad foi extraditado como traficante de drogas, o que ele nunca foi. Foi acusado de rebelião, o que é um crime político. Os tratados de extradição e a lei internacional de direitos humanos proíbem a extradição por crimes políticos. O governo dos EUA submeteu Trinidad a processos judiciais irregulares. Seu juiz aplicou uma sentença excessivamente selvagem a um crime que não cometeu. Suas condições de prisão são desumanas.

3. A intervenção dos EUA na Colômbia provocou os maus tratos sofridos por Simón Trinidad nas mãos dos EUA. Seu resgate teria implicações anti-imperialistas. O governo dos EUA há muito presta assistência militar à Colômbia, principalmente por meio de seu Plano Colômbia, em vigor após 2000. Se bem que visasse ostensivamente os traficantes de drogas, o Plano Colômbia era apontado contra as FARC. Como negociador de paz das FARC altamente visível nas negociações com o governo colombiano em Caguán (1999-2001), Simón Trinidad tornou-se um prisioneiro troféu. O Plano Colômbia preparou o terreno, tendo ajudado a torpedear as negociações de paz.

Aparentemente a captura e extradição de Trinidad revelava a natureza impositiva (top-down) das relações imperialistas com as nações clientes. Talvez para agradar o seu patrão, o governo da Colômbia quase imediatamente sinalizou sua intenção de extraditar Trinidad para os Estados Unidos, antes mesmo de ter sido anunciada uma acusação criminal. E a oposição política da Colômbia afirma sistematicamente que a soberania nacional é diminuída toda as vezes que prisioneiros como Simón Trinidad são encaminhados aos Estados Unidos para processo e punição.

4. Ativistas solidários de muitos países há muito admiram os trabalhadores e os marginalizados da Colômbia que se levantam contra uma classe dominante dedicada à pilhagem e à opressão. Eles assim o fizeram ao juntarem-se a movimentos de resistência indígenas e afro-colombianos, sindicatos, partidos políticos de esquerda, as FARC e outras insurgências. Simón Trinidad estava nessa luta. Também com base nisso, ele merece apoio na sua campanha para retornar à Colômbia.

5. Simón Trinidad foi e é um revolucionário. A tarefa dos progressistas em toda a parte é combater a opressão e a injustiça. Mas agora muitos deles estão aprendendo a verdade sobre o capitalismo. Eles veem mudanças cosméticas no horizonte, mas o colapso pandêmico e econômico já está aqui. Muitos dos que agora abraçam a opção revolucionária têm boas razões para estar ao lado de Simón Trinidad.

Como membro das FARC, Simón Trinidad viu a violência contra a União Patriótica transformar-se num massacre. Muitas das vítimas de assassinato, estimadas 5000, eram antigos membros das FARC que participavam em atividades políticas eleitorais. A violência assassina e a guerra entre ricos e pobres ainda estão no centro da política colombiana. Após a assinatura do Acordo de Paz, assassinos mataram mais de 200 ex-combatentes das FARC e centenas de líderes políticos e comunitários, sobretudo nas áreas rurais. O governo dos EUA, aliado aos partidários da violência na Colômbia, é cúmplice.

Essa violência ajudou a colocar Simón Trinidad no caminho revolucionário. Uma boa maneira de demonstrar repulsa à promoção estadunidense da violência na Colômbia é aderir à luta pelo imediato retorno de Simón Trinidad à Colômbia.

25/Junho/2020

Para mais informações sobre a campanha pelo retorno de Simón Trinidad à Colômbia, acesse https://www.libertadsimontrinidad.com/ . Para perguntas ou ofertas de apoio contacte simontrinidadlibre[arroba]gmail.com.

Ver também:
Que cesse a farsa da guerra contra o narcotráfico

[*] Jornalista estadunidense. Seu foco é a América Latina, assistência médica e antirracismo. Ativista solidário de Cuba, trabalhou anteriormente como pediatra.

O original encontra-se em mronline.org/…

Este artigo encontra-se em https://resistir.info/ .

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